Uma esmola…Em nome de Jesus!


O envolvimento da igreja brasileira com o sustento missionário, não só é novo como é precário. O comportamento, de parte dela, é mero descaso para com o próximo, é pura ausência de consciência cidadã, que é o reconhecimento, ao outro, do divino direito à existência.

A dificuldade que o missionário enfrenta, pois, lhe é imposta, para obter o apoio financeiro que precisa para fazer o trabalho, que é de todos, é o começo. Ele é o pedinte e, às vezes, é visto como um reles vagabundo que, não tendo logrado êxito em nada, opta pela ocupação que aceita qualquer um, uma vez que é um trabalho que poucos querem fazer; é como os migrantes desgraçados que, no primeiro mundo, são explorados à exaustão para fazer o sujo trabalho que os nacionais, devido ao seu “status”, não querem mais. Aí, depois de muita oração e petição, logra levantar uma parte de seu sustento que, ao menos, lhe permitirá, ainda que com muito sacrifício, levar a cabo o seu chamado. E lá vai o missionário…

Missionário no campo, e a igreja vivendo a sua vida, as vezes, de problema em problema, de variação em variação: de humor, de espiritualidade, de líder, de teologia… O missionário foi, ficaram os bem sucedidos: os que têm profissão, carreira, segurança previdenciária, os que se esqueceram que não há vitória que não seja presente da graça, que não há segurança senão no amor de Deus, que qualquer estabilidade é fruto daquele que não conhece sequer sombra de variação.

E o missionário no campo, que pode ser longe ou perto, à deriva da boa vontade da comunidade, apostando na fidelidade desta. E, no caso da igreja brasileira, é mesmo uma aposta.

Aposta mais incerta do que parece; igrejas há que mudam sua eclesiologia, e simplesmente chamam o missionário de volta porque a visão mudou e não importa mais o que Deus disse ou esteja realizando no campo, o que conta é essa visão nova, que está mais para “visagem” do que para revelação. Outras há que, por qualquer motivo mudam a ênfase missionária e, então, como se fosse apenas a mudança de opções de investimento, mandam avisar ao velho missionário, que não se encaixa nessa nova onda, que não receberá mais nada desta. E ninguém pergunta ao missionário sobre o transtorno que se abaterá sobre a sua vida a partir dessa mudança de foco. O missionário não conta, sua família muito menos, seu ministério, que se entendia como fruto da vontade de Deus, então, ninguém nem mais lembra. O missionário é, apenas, o pedinte de sempre, vivendo de esmola em esmola, em nome de Jesus.